Nas últimas décadas, o que antes era comum entre adultos — o diabetes tipo 2 — tem surgido com cada vez mais frequência em crianças e adolescentes. Isso indica que algo está mudando no estilo de vida das famílias e exige atenção e cuidado.
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), fatores como alimentação inadequada, sedentarismo, excesso de peso e até o estresse infantil estão contribuindo para esse crescimento. No Brasil, estima-se que mais de 200 mil adolescentes já vivem com diabetes tipo 2, e quase 1,5 milhão estão em condição de pré-diabetes, o que representa um risco ainda maior se nada for feito.
O diabetes tipo 2 é uma doença crônica em que o corpo tem dificuldade de usar corretamente a insulina — o hormônio que ajuda a controlar o açúcar no sangue. Com o tempo, o excesso de glicose pode causar danos ao corpo, como problemas nos rins, olhos, coração e circulação.
Em crianças, o diabetes tipo 2 está diretamente relacionado aos hábitos de vida, como alimentação, atividade física e rotina diária. Já o diabetes tipo 1, de origem autoimune, não está ligado ao estilo de vida e costuma surgir de forma repentina — ainda assim, também merece atenção: o Brasil ocupa atualmente o terceiro lugar no ranking mundial de países com maior número de crianças e adolescentes vivendo com diabetes tipo 1.
Alguns dos principais motivos para o diabetes tipo 2 está aumentando nessa faixa etária são:
- Alimentação rica em ultraprocessados (refrigerantes, salgadinhos, bolachas recheadas, fast-food);
- Falta de atividade física e excesso de tempo em frente às telas;
- Obesidade infantil, que tem crescido rapidamente no Brasil;
- Histórico familiar de diabetes tipo 2;
- Sono irregular, ansiedade e rotina desorganizada.
Esses fatores, quando combinados, aumentam o risco do organismo não conseguir usar bem a insulina — levando ao diabetes. Por isso, é importante ficar atento a alguns sintomas que podem surgir:
- Sede intensa e vontade de urinar muitas vezes ao dia;
- Fome constante;
- Cansaço sem motivo aparente;
- Perda de peso inexplicada;
- Irritabilidade ou mudanças de comportamento;
- Infecções de pele ou urinárias com frequência.
A boa notícia é que muitas atitudes simples no dia a dia ajudam — e muito — a proteger as crianças:
- Incentivar brincadeiras ao ar livre e atividades físicas todos os dias;
- Oferecer uma alimentação variada e colorida, com frutas, legumes e alimentos naturais;
- Evitar ao máximo os alimentos ultraprocessados e açucarados;
- Regular o sono e a rotina, ajudando a criança a descansar bem;
- Conversar, ouvir e cuidar da saúde emocional dos pequenos;
- Fazer acompanhamento médico periódico e solicitar exames quando indicado.
O diabetes tipo 2 pode ser evitado na maioria dos casos. E quando ele já está presente, pode ser controlado com alimentação equilibrada, atividade física, apoio emocional e, em alguns casos, medicação. Escolas e comunidades também têm papel fundamental, promovendo ambientes saudáveis e estimulando bons hábitos desde cedo. Quanto mais cedo as famílias souberem como prevenir, identificar e tratar, maiores são as chances de garantir uma infância saudável.
Falar sobre diabetes infantil é um ato de amor. Criar rotinas saudáveis, ensinar bons hábitos e oferecer um ambiente acolhedor pode mudar o rumo da saúde de uma geração. Vamos cuidar das nossas crianças — com informação, carinho e presença.