Insuficiência Venosa Crônica: como prevenir e tratar

Insuficiência venosa crônica

Insuficiência venosa crônica

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Chega o fim do expediente e, com ele, aquela sensação familiar: as pernas parecem pesar uma tonelada. O inchaço nos tornozelos virou rotina, e a dor teima em aparecer, especialmente depois de horas em pé ou sentado. Essas cenas fazem parte da rotina de quem convive com a Insuficiência Venosa Crônica (IVC), uma condição muito mais comum do que se imagina.

Mas a boa notícia é que, com informação e cuidado, é possível virar o jogo. Vamos desvendar juntos o que é a IVC, como ela funciona e, o mais importante, como recuperar o bem-estar e o conforto nas pernas.

Entendendo a IVC

Imagine que as veias das suas pernas são como uma grande avenida de mão única, com a missão de levar o sangue de volta para o coração. Para que o “trânsito” flua bem, especialmente subindo contra a gravidade, existem pequenas válvulas que funcionam como portões ou “cancelas”, impedindo que o sangue volte para trás.

Na Insuficiência Venosa Crônica, essas válvulas começam a falhar. Elas não fecham direito, e o sangue, em vez de seguir viagem, começa a se acumular. Essa pressão extra dilata as veias, causa inflamação, inchaço, dor e, com o tempo, pode até manchar a pele, deixando-a mais escura e endurecida.

Por que tratar é fundamental

Tratar a IVC não é apenas sobre se livrar do desconforto. É um investimento na sua qualidade de vida. O tratamento tem como objetivo:

  • Devolver o conforto: Reduzir a dor, o inchaço e a sensação de peso que te limitam.
  • Frear a doença: Prevenir que o quadro evolua para complicações sérias, como as dolorosas úlceras venosas (feridas que não cicatrizam).
  • Proteger sua autonomia: Evitar infecções e internações que podem comprometer sua independência.
  • Resgatar a autoestima: Cuidar da aparência das pernas e se sentir bem para usar as roupas de que gosta, sem constrangimento.

Como a IVC se manifesta

Para os médicos, a história da IVC pode ser contada em diferentes estágios. Conhecer essa classificação (chamada de CEAP) ajuda a entender a gravidade e a definir o melhor caminho para o tratamento.

Estágio CEAP O que você vê e sente
C0 Nenhum sinal visível, mas pode haver dor ou cansaço.
C1 Os famosos “vasinhos” (telangiectasias) aparecem.
C2 Varizes maiores e saltadas já são visíveis.
C3 O inchaço (edema) se torna persistente.
C4 A pele muda de cor, ficando escura e mais dura.
C5 Já existe uma cicatriz de uma úlcera que fechou.
C6 Uma úlcera venosa está aberta e ativa.

Meias de compressão e bons hábitos

A estrela do tratamento conservador são as meias de compressão. Ao aplicar uma pressão graduada nas pernas, elas ajudam a empurrar o sangue de volta para cima e a reduzir seu acúmulo nas pernas.

Guia prático do uso eficaz das meias de compressão:

  • Vista logo ao acordar: De preferência, antes mesmo de levantar da cama, quando as pernas estão menos inchadas.
  • Tire apenas para dormir: Elas foram feitas para te acompanhar durante o dia.
  • Cuide com carinho: Lave à mão, com sabão neutro e água fria. Isso preserva a elasticidade e a eficácia.
  • Fique de olho na validade: Elas perdem a compressão com o tempo. Troque a cada 4 a 6 meses.

Combine o uso das meias com um estilo de vida que joga a seu favor:

  • Movimente-se! Caminhar é o melhor exercício para a circulação.
  • Coloque as pernas para o alto: Eleve as pernas por 15 minutos, 2 ou 3 vezes ao dia.
  • Faça pausas: Se trabalha em pé ou sentado, mude de posição a cada hora, ande um pouco.
  • Cuide do prato e da balança: Manter o peso ideal e uma dieta rica em fibras (para evitar a prisão de ventre) diminui a pressão sobre as veias.

Existem efeitos colaterais ou riscos?

Sim, como em todo tratamento. As meias podem causar coceira, calor ou uma leve irritação na pele em algumas pessoas.

Atenção: O uso das meias de compressão não é para todos. Elas são contraindicadas para pessoas com algumas doenças cardíacas e arteriais. Por isso, nunca inicie o tratamento por conta própria. A orientação de um médico ou profissional de saúde é indispensável. Aproveite para marcar agora mesmo as consultas com os médicos especialistas que irão orientá-lo, através do Agendar Consulta.

Perguntas frequentes (FAQ)

  • Donald Trump tem IVC?

O caso que chamou a atenção. Boatos na imprensa internacional sugeriram que o presidente americano Donald Trump teria sinais da doença e usaria meias de compressão.

  • Insuficiência venosa tem cura?

Não existe uma cura definitiva que faça o problema desaparecer para sempre. Mas com o tratamento contínuo, é totalmente possível controlar os sintomas, evitar complicações e levar uma vida normal e ativa. Pense nela como uma condição que você gerencia, não que te domina.

  • Quando a cirurgia é necessária?

Quando as medidas mais simples, como o uso das meias compressoras e as mudanças de hábitos, não são suficientes. Hoje, felizmente, existem procedimentos pouco invasivos, como laser, radiofrequência e escleroterapia, que oferecem ótimos resultados com uma recuperação mais rápida.

  • É uma doença de mulher?

Embora seja mais comentada entre as mulheres (por questões hormonais e estéticas), a IVC é muito comum em homens, principalmente naqueles com sobrepeso ou que trabalham longas horas em pé.

  • Qual a relação com a trombose?

A relação é direta. Um episódio de Trombose Venosa Profunda (TVP) pode danificar as válvulas das veias, deixando como sequela uma Insuficiência Venosa Crônica, que chamamos de secundária.

Ficou com alguma dúvida ou gostaria de compartilhar sua experiência? Deixe seu comentário abaixo. Sua história pode ajudar outras pessoas.

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Dr. Marcelo Gobbo Jr.: Médico de Família e Comunidade e editor médico da Afya