Diabetes e saúde mental

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Viver com diabetes é, muitas vezes, como ter um segundo emprego em tempo integral. Um emprego que não te dá folga, nem em feriado nem no final de semana. É preciso medir a glicose, contar carboidratos, aplicar insulina, tomar medicamentos, se exercitar e ainda ter que lidar com a preocupação constante: “Será que minha glicemia está boa?” 

Se essa sensação parece familiar, saiba que você não está sozinho.  

A verdade é que a saúde de quem tem diabetes vai muito além dos números no monitor de glicemia. Ela se estende para o bem-estar emocional, a tranquilidade e a forma como lidamos com os desafios diários. Estudos globais apontam: 3 em cada 4 pessoas com diabetes sentem o impacto da condição em sua saúde mental. 

Mas por que essa conexão é tão forte e, mais importante, como podemos cuidar desse equilíbrio delicado entre corpo e mente? 

A ligação invisível: por que diabetes e emoções andam juntos? 

Imagine que seu corpo e sua mente conversam o tempo todo. O que acontece em um lado reverbera no outro. No caso do diabetes, essa conversa é ainda mais intensa e passa por dois caminhos principais: 

  1. A química interna do estresse

Quando estamos estressados ou ansiosos, nosso corpo entra em modo de alerta e libera o famoso cortisol, o hormônio do estresse. Para uma pessoa com diabetes, isso é um problema duplo: o cortisol aumenta os níveis de açúcar no sangue, tornando o controle glicêmico uma verdadeira montanha-russa. 

Além disso, tanto o diabetes quanto a depressão compartilham um estado de inflamação crônica de baixo grau. É como se o corpo estivesse constantemente “em chamas” em um nível microscópico, o que afeta diretamente neurotransmissores essenciais para o bom humor, como a serotonina e a dopamina. 

  1. O peso do cuidado diário e o medo do futuro

A carga mental do diabetes é real e exaustiva. Esse esgotamento tem nome: diabetes distress (ou angústia do diabetes). É a frustração de ver a glicemia subir sem motivo aparente, a culpa por ter comido algo “fora da dieta” e o medo constante das complicações. 

Some isso ao estigma social e à sensação de ser julgado, e temos a receita para um coquetel de ansiedade e tristeza que pode minar a motivação para seguir o tratamento. 

Diabetes tipo 1 x Diabetes tipo 2: jornadas diferentes, desafios similares 

Embora a conexão mente-corpo seja universal, os desafios emocionais podem variar dependendo do tipo de diabetes e da fase da vida. 

Característica  Diabetes tipo 1  Diabetes tipo 2 
Quando costuma surgir?  Infância e adolescência.  Principalmente em adultos, mas é cada vez mais comum em jovens. 
Principais estressores  A adaptação a uma rotina totalmente nova, a aceitação de uma condição para a vida toda e a busca por “normalidade”.  Sentimentos de culpa, a dificuldade de mudar hábitos de uma vida inteira e o manejo de outras doenças associadas (comorbidades). 
Risco de Diabetes Distress  Alto. A adolescência é uma fase especialmente delicada, marcada pela necessidade de independência e aceitação social.  Moderado a alto. O risco aumenta conforme as complicações (problemas renais, de visão etc.) começam a aparecer. 
Foco do cuidado mental  Apoio psicológico desde o diagnóstico para a família e o paciente; educação prática sobre o manejo (como a contagem de carboidratos).  Programas de mudança de estilo de vida que sejam realistas e gentis; terapia cognitivo-comportamental para quebrar ciclos de culpa. 

Seu plano de ação para o bem-estar: 6 passos práticos 

Cuidar da saúde mental não é um luxo, é parte essencial do tratamento do diabetes. Por onde começar? 

  1. Faça um “check-up mental” anual: Assim como você checa sua hemoglobina glicada, converse periodicamente com seu médico sobre seu estado emocional. 
  2. Considere a terapia: A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é especialmente eficaz, pois ajuda a identificar e modificar padrões de pensamento negativos (“Eu nunca vou conseguir controlar isso”) que afetam seu comportamento e seu humor. 
  3. Busque educação de qualidade: Quanto mais você entende sobre o diabetes, mais confiante se sente para gerenciá-lo. Participe de grupos e programas de educação estruturada. Conhecimento é poder! 
  4. Movimente o corpo (e a mente): A atividade física é um poderoso antidepressivo e ansiolítico natural. Ela melhora a sensibilidade à insulina, alivia o estresse e libera endorfinas, os hormônios da felicidade. 
  5. Aperte o botão de pausa: Incorpore práticas de mindfulness e técnicas de respiração no seu dia a dia. Apenas 5 minutos de atenção plena podem reduzir os níveis de cortisol e trazer clareza mental. 
  6. Monte seu “Time de Saúde”: Você não precisa carregar esse peso sozinho. Seu time ideal inclui endocrinologista, psicólogo e nutricionista. Juntos, eles oferecem um cuidado completo e integrado. Aproveite para marcar agora mesmo as consultas com os médicos especialistas que irão orientá-lo, através do Agendar Consulta. 

Tratamentos em foco: o que você precisa saber 

Quando a terapia e as mudanças no estilo de vida não são suficientes, o uso de medicamentos pode ser necessário. No entanto, é fundamental que essa decisão seja tomada em conjunto com a equipe de profissionais de saúde que o acompanham, pois existe uma via de mão dupla: 

  • Medicamentos para a saúde mental: Certos remédios usados para tratar depressão ou ansiedade podem influenciar o peso e os níveis de açúcar no sangue. 
  • Medicamentos para o diabetes: Por outro lado, alguns tratamentos para o controle da glicemia podem, em casos mais raros, ter efeitos colaterais que afetam o humor. 

A chave é o acompanhamento integrado. Seu médico precisa saber de todos os remédios que você usa para tomar a melhor decisão para o seu caso, sempre monitorando de perto qualquer mudança no corpo e na mente. 

Quem precisa de cuidado redobrado? Gestantes (a psicoterapia é sempre a primeira opção), pacientes com transtorno bipolar e pessoas que usam corticosteroides. 

Perguntas frequentes (FAQ) 

  • Diabetes causa depressão?
    Não diretamente, mas a carga emocional e as alterações biológicas da doença criam um terreno fértil para que ela se desenvolva. É um fator de risco importante. 
  • Qual profissional devo procurar primeiro?
    Comece a conversa com seu endocrinologista ou médico de família. Ele pode fazer uma triagem inicial e, se necessário, encaminhá-lo para um psicólogo ou psiquiatra com experiência em doenças crônicas. Você pode marcar agora mesmo as consultas com os médicos especialistas que irão orientá-lo, através do Agendar Consulta. 
  • Só exercício físico resolve meu desânimo?
    Exercício físico é um aliado incrível e pode ser suficiente para alguns casos. Para quadros de depressão ou ansiedade moderados a graves, a combinação de atividade física com terapia e/ou medicação costuma trazer os melhores resultados. 
  • Existe uma “dieta da felicidade” para quem tem diabetes?
    Uma alimentação balanceada, rica em ômega-3 (peixes, linhaça) e fibras e com baixo índice glicêmico, ajuda a estabilizar tanto a glicemia quanto o humor. Comer bem é um ato de autocuidado para o corpo e para a mente. 
  • A tecnologia pode substituir o apoio humano?
    Aplicativos e sensores são ferramentas fantásticas para fornecer suporte e dados. Eles otimizam o controle, mas não substituem o olhar atento de um profissional, o abraço de um familiar ou a escuta qualificada de um terapeuta. Conheça a Glic, o seu aplicativo para manejo de diabetes, hipertensão e obesidade. 

 

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Referências bibliográficas

  • American Diabetes Association. Standards of care in diabetes—2025: summary of revisions. Diabetes Care. 2025;48(Suppl 1):S6-12. 
  • International Diabetes Federation. Diabetes impacts the mental well-being of 3 in 4 people with the condition [Internet]. 2024 Nov 13. Disponível no site da IDF. 
  • Donovan D, Lyoussi A. The interconnected complexity of diabetes and depression. Diabetes Spectr. 2025;38(1):23-31. 
  • National Library of Medicine. Psychosocial and Behavioral Health Among Youth and Adults With Diabetes [Internet]. Bethesda (MD): National Library of Medicine; 2025. 
  • Weight-loss, diabetes drugs can cause mood changes: what to know about behavioral side effects [Internet]. New York Post. 2025 May 17. 

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